Trabalhos de desassoreamento dos rios Cavaco e Catumbela estão em curso
Foto Angop |
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Trabalhos para diminuição do impacto das cheias no rio Cavaco |
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Luanda, 01/09 - Fruto de um investimento que ronda os 39 milhões de
dólares, saídos dos cofres do Estado, o projecto de regularização das margens
dos rios Cavaco e Catumbela, província de Benguela, apresentam já avanços
visíveis na sua execução a cargo da empresa Odebrecht, segundo constatou a
Angop no local.
O objectivo deste projecto é o de criar condições para a protecção contra as
cheias e atenuar os graves problemas que ocorrem periodicamente, afectando as
comunidades das margens destes rios, bem como as culturas e infra-estruturas
localizadas nas proximidades.
Durante uma explicação pormenorizada no local sobre o estado das obras, o
arquitecto Zacarias Camuenho, director provincial das Obras Públicas em
Benguela, referiu-se ao facto dos trabalhos nestes dois rios fazerem parte do
Programa de Regularização e Controlo que contempla igualmente oito
quilómetros de extensão do Coporolo, mas cujas obras ainda não tiveram início.
A intervenção consiste, basicamente, na construção de diques de protecção ao
longo das margens destes rios, sendo o Cavaco, onde ela terá lugar numa
extensão de 12 quilómetros, o único cujas obras terão lugar ao longo das duas margens,
com prioriedade, numa primeira fase, para o lado esquerdo.
No caso do rio Catumbela, a construção de diques cinge-se apenas a três
quilómetros da margem direita, enquanto no Coporolo a intervenção está
prevista para a margem esquerda.
Zacarias Camuenho acrescentou que ao nível deste projecto existe ainda um
quarto contrato para reabilitação das estruturas de transferência de água da
barragem do Dungo, município do Cubal, para o rio Cavaco.
Esta intervenção permitirá, num período de cinco a seis anos, que o rio Cavaco
deixe de ter um carácter sazonal (intermitente) e passe a ser um rio de curso
permanente, pelo menos no subsolo.
Os trabalhos na margem esquerda do rio Cavaco, iniciadas a cerca de dois meses,
estão concluídos em cerca de 4,5 quilómetros de extensão, faltando oito dos 12
que serão objecto de intervenção, segundo deu a conhecer o encarregado de
terraplenagem da Odebrecht no local Robson Correia.
O encarregado explicou que os diques construídos variam, no que toca à altura,
dos três a quatro metros, sendo feito na base de areia e cascalho de pedra, que
são retiradas de jazigos próximos, com o objectivo de levar o rio ao seu leito
anterior, do qual se desviou devido a falta de trabalhos de manutenção regulares.
Trabalham ao longo deste rio, dia e noite, um efectivo de 40 pessoas, dos quais
só dois são brasileiros, e que movimentam, no que toca a meios, oito camiões
basculantes, duas moto niveladoras, um buldozer, igual número de retro-escavadora
e de relo-compactadora, além de dois camiões cisternas.
Em relação ao rio Catumbela, cuja intervenção está prevista para uma extensão de
três quilometros, o director provincial disse ter havido uma alteração para melhoria
do projecto inicial, que consistia na construção do dique e de uma via de acesso
com quatro metros de largura.
Esta alteração deu-se após uma visita do ministro das Obras Públicas, Higino
Carneiro, que sugeriu a inclusão no projecto da construção de uma marginal.
A marginal a ser construida terá uma extensão de 50 metros e nela serão feitos
loteamentos para residências e uma área de lazer, adjacente ao actual zoológico.
No local, serão ainda construídos um balneário e lavandarias públicas, aspectos
estes que estão a ser bem aceites pelas comunidades locais, por ser seu hábito
a lavagem de roupa nas margens do rio.
O director provincial disse que para uma maior protecção dos investimentos, as
autoridades locais trabalham já no sentido de as sensibilizar sobre a importância
de uma boa gestão dos meios.
Ao longo de todo este trabalho estão a ser criadas condições para que, após a
sua conclusão, possam ser realizadas manutenções regulares, com a criação de
estradas de acesso, assim como de cotas para que os níveis e comportamentos
dos rios sejam melhor acompanhados pelos técnicos.
Nos últimos anos foram bastante frequentes os problemas causados pelas
enchentes nas margens destes três rios da província de Benguela (Cavaco,
Coporolo e Catumbela), chegando mesmo a causar vítimas mortais, além da
destruição de algumas culturas e infra-estruturas, como o caso da ponte sobre o
rio Cavaco.
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