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Roubo de Gado leva autoridades a construir um Retém em Bibala

Namibe, 31/08 - Um Centro de Retém para dar melhores garantias de sanidade ao gado comercializado e ajudar na contenção do seu roubo começa a funcionar ainda este ano na periferia da Vila da Bibala, província do Namibe.

Já construído ao longo de 2005 e 2006, no quadro do programa do governo de melhoria de oferta dos serviços básicos à população, a reserva é uma espécie de "super curral" controlado pelas autoridades veterinárias e administrativas, com uma capacidade para acolher 250 cabeças de bovino, vários rebanhos de gado caprino e varas de porcos.

Quando o Retém estiver a funcionar, o gado, logo à chegada, ficará de quarentena, para ser vacinado, desparasitado e depois marcado no sentido de ser identificado o seu proprietário. Com este sistema, as autoridades pretendem dar, a quem vende ou compra, segurança a todos os níveis, entre as quais a de saúde animal, porque a maior parte dos proprietários (criadores tradicionais), não toma os cuidados regulares para garantia da qualidade de vida do gado.

Ainda para se disciplinar a comercialização do gado, o responsável pela agricultura na Bibala, Domingos Ngongue, salientou que devido ao crescimento dos habitantes e aos constantes abates de animais em locais impróprios, foi construído mais um matadouro na localidade, com capacidade de matar 40 cabeças de gado bovino/dia, contra os 15 suportados pelo antigo.

O matadouro está subdividido em sala de abate, de inspecção, escritório, câmara de arrecadação e um parque de retenção de animais.

Embora o responsável local da Agricultura tenha dado garantias de uma melhoria na situação sanitária do gado, graças à realização de campanhas de vacinação anuais, na região ainda ocorrem casos de carbúnculo interno, carbúnculo sintomático e de dermatite bovina, daí ter sido pertinente a criação do Retém.

Outra razão para a criação do Retém deve-se à necessidade de se estancar o roubo de gado, frequente no município da Bibala, assim como nas outras regiões do sul de Angola onde se criam reses, isto é, Namibe, Huíla e Cunene.

Estimativas aleatórias dão conta que os crimes mais frequentes, por exemplo, nas zonas ganadeiras de Camucuio, Virei e Bibala são o roubo de gado e ofensas corporais, resultantes de rixas derivadas daquela prática.

No entanto, segundo especialistas, o problema de roubo de gado no Namibe tem a ver com uma questão socio-cultural do povo mucubal que na sua ascendência regista a frequência desta prática, tanto é que tem o seguinte slogan: "Quem não rouba (gado) não é homem".

Para os especialistas, a questão, do ponto de vista sócio-cultural, é compreensível, pois os "status" naquele meio são adquiridos segundo o número de bovinos de cada um, que também facilita os jovens a desposar alguém, razão pela qual as pessoas sem recurso recorrem ao roubo de gado para conseguir respeito social.

Muito dos ladrões, às vezes sobrinhos do proprietário, percorrem longas distâncias a pé para vender ou trocar o gado roubado, chegando mesmo às províncias da Huíla e de Benguela.

Em função disto, com o Retém em funcionamento estará proibida a venda de gado em qualquer lugar do município. Quem violar será punido segundo as normas administrativas legais - anunciou o administrador municipal da Bibala, João Ernesto dos Santos, para quem a medida vai desencorajar a venda desordenada de animais e o seu subsquentemente roubo.

Em paralelo ao local funciona um sistema de abastecimento de água rural, com uma bomba submergível activado por um sistema fotovoltáico (energia solar) e uma lavandaria pública onde as mulheres do campo lavam e transportam água.

Na região da Bibala, situada 164 quilómetros a Norte da cidade do Namibe, as autoridades registam mais de 200 mil cabeças de gado, num espaço onde existe uma população estimada em 104.895 habitantes, distribuídos em quatro comunas: Caito, Lola, Quilemba-Velha e Capangombe.