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O Chefe de Estado angolano durante o comício na Comuna de Capelongo, na província da Huíla |
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Discurso do presidente da República na comuna
de Capelongo, província da Huíla, no dia 22 de novembro de 2002
Viva o povo de Angola!
De Cabinda ao Cunene
Um só povo, uma só nação
Viva a população da Huíla
Viva a população da Matala
Viva a população de Capelongo
Muito obrigado
Meus caros amigos e compatriotas
Antes de mais eu quero transmitir a todos vós as saudações muito calorosas da delegação que me acompanha e da minha própria pessoa.
Espero que todos vocês estejam muito bem de saúde e que estejam preparados para os novos desafios que temos diante de nós.
Eu sei que estão aqui há muito tempo à espera de nós, debaixo do sol, mas mesmo assim poucos saíram daqui, pelo contrário, vejo outros a virem para se juntar aqui à multidão.
Nós agradecemos esta recepção bastante calorosa, uma recepção calorosa, bastante fraterna, que é uma prova de que todos continuam juntos, apoiando o governo da República nesta fase em que o nosso país já está em paz e precisamos trabalhar todos unidos para melhorar as condições de vida no nosso país.
Nós viemos visitar esta província poucos dias depois de terminar os
trabalhos da comissão conjunta do processo de paz, um processo que começou em 1991, que encontrou dificuldades depois das eleições e que nos elevou ao Protocolo de Lusaka em Novembro de 1994.
Foi uma coincidência feliz, oito anos depois, na mesma data, 20 de
Novembro, foram terminados os trabalhos, a comissão foi dissolvida e temos a paz definitiva em Angola.
Meus caros amigos e compatriotas
Acho que nesta minha primeira intervenção depois deste grande
acontecimento é meu dever render a mais profunda homenagem à todos aqueles que não podem estar aqui connosco, aqueles que se sacrificaram e entregaram generosamente até as suas próprias vidas para que o nosso país estivesse inteiro, para que hoje estivéssemos em paz e irmanados num só sonho de termos uma Angola unida, caminhando para o progresso.
Portanto, aos nossos heróis, aos nossos mártires da luta pela independência, pela paz, pela defesa da democracia, o nosso profundo respeito e homenagem.
Os nossos agradecimentos também a todo povo de Angola que consentiu sacrifícios imensos, mas nunca deixou de apoiar o governo, apoiou os programas que eu próprio delineei e as orientações que fui traçando ao longo destes anos todos. O nosso povo foi capaz de compreender não apenas as dificuldades, mas também as nossas insuficiências.
Aos nossos mais velhos, autoridades tradicionais, contactei em muitas partes do território nacional, nos deram sempre muitos conselhos que nos encorajaram a persistir na luta pela paz, pela liberdade do nosso povo. A todos aqueles elementos que pertencem a partidos políticos e associações cívicas que se envolveram nesta luta eu quero exprimir em nome do governo os nossos mais profundos agradecimentos.
Bom, mas agora esta nova página que abrimos na nossa história nos impõe grandes responsabilidades. Pela primeira vez na história do nosso povo temos um governo com condições de estabilidade para poder governar.
O povo de Angola elegeu em 1992 o MPLA para criar governo e dirigir Angola. O MPLA fez aberturas políticas e integrou no seu governo vários partidos que têm assento no parlamento, temos agora um governo de unidade e reconciliação nacional.
Se no passado a guerra nos impedia de circular, de trabalhar e de
construir Angola, hoje temos paz, temos estabilidade, então precisamos de mais trabalho, mais disciplina, já não temos razões para não começarmos a resolver os nossos problemas e o MPLA, como partido majoritário que eu represento no governo, está consciente desta responsabilidade. É a primeira vez que ele tem condições para governar.
E então liderando este governo de unidade e reconciliação nacional
temos visitado várias províncias, onde realizamos reuniões do governo.
Estivemos em várias sedes de província. Desta vez nos reunimos no município da Matala e viemos até aqui à comuna de Capelongo para vos dizer que nós estamos prontos, já arregaçamos as mangas, estamos no terreno, queremos melhorar... (aplausos), nós estamos agora no terreno. O que é que vimos aqui no município da Matala e na comuna de Capelongo? Muito trabalho, bom trabalho, os meus parabéns para vocês todos.
O nosso canal que estava cheio de capim agora está limpo, a água que não podia ser aproveitada para irrigar os nossos campos e cultivar, alimentando os campos de cultivo, agora a água chega às zonas de cultivo com sistemas modernos de irrigação, há camponeses e agricultores que já estão a produzir comida e temos perspectiva, no futuro, de reabilitar o sector industrial para transformar os produtos agrícolas que aqui sairão do campo.
Este vosso exemplo nós vamos levar a todos os pontos de Angola, trabalho, trabalho, cada vez mais trabalho, disciplina, disciplina cada vez mais disciplina e rigor na utilização dos dinheiros e de outros bens públicos.
Os nossos governantes, seja a nível de ministros, seja a nível de governadores provinciais, seja a nível de administradores, têm todos que assumir a consciência de que agora o tempo mudou.
A quem for confiado uma tarefa primeiro tem de saber executá-la, tem de saber cuidar de todos os meios materiais, técnicos e financeiros que estão colocados à sua disposição para realizar os programas porque, quando se fala em transparência, transparência é isso, é executar as suas tarefas de tal maneira que em qualquer momento o fiscal pode vir verificar e saber como é que as coisas estão a andar, um inspector pode vir inspeccionar as suas contas e se as contas não estiverem certas então tem de pagar.
Esta é uma nova era que começou porque hoje nós temos o nosso tribunal de contas, esse tribunal de contas vai verificar as contas do estado e dizer se estão certas ou não para que o parlamento possa aprová-las.
E o povo de Angola todo estará atento. É evidente que não vai eleger amanhã um governo de novo que não saiba prestar contas, que não trabalhe bem e não cuide dos bens públicos. Por isso é que eu estou a proferir estas palavras, para que todos aqueles que tem cargos públicos compreendam que a situação agora é outra, temos que agir também com maior sentido de responsabilidade.
Se é verdade que os dirigentes têm que assumir a sua parte, também é verdade que os cidadãos, os trabalhadores, camponeses quadros em geral também tem que fazer a sua parte. (gritos de "apoiado") Está apoiado? Vamos trabalhar? (mais gritos de "vamos") Vão assumir as vossas responsabilidades? (outra vez, "vamos") Então estamos juntos, estamos decididos.
Meus caros camaradas, meus caros compatriotas
Eu sei que já estão há muito tempo aqui ao sol. O nosso parlamento tem hoje em mãos o programa do governo e o orçamento para o próximo ano, o trabalho que nós estamos a fazer aqui na província da Huíla, que integra os programas não apenas da Huíla, mas do Cunene, Namibe, do Kuando Kubango e de Cabinda, serão integrados neste programa central do governo e também do orçamento geral do estado e é na base desse que todos no futuro vamos prestar contas. É um programa para começarmos a executar em Janeiro de 2003, tem uma duração de dois anos, 2003/2004.
Um dos aspectos importantes desse programa é instalar a administração do estado em todo o território nacional e a instalação da administração em todo o território nacional é importante não apenas para que os administradores possam dirigir as diferentes localidades e garantir a execução dos programas do governo neste nível mas também e, sobretudo nesta fase, para organizar o recenseamento das populações, especificamente o recenseamento eleitoral.
Por seu lado, o governo, o parlamento e os vários partidos políticos vão também estudar o problema da actualização da lei eleitoral.
Nós teremos que fazer um balanço no fim do ano de 2003 ou eventualmente no início de 2004 para ver se temos as condições ideais para realizar eleições.
As próximas eleições tem que ter lugar num clima de segurança, portanto estabilidade política, numa situação em que os angolanos tenham, sobretudo aqueles que estão deslocados, desmobilizados, estão nas zonas de acolhimento, refugiados, possam retornar aos pontos de destino e reorganizar a sua vida para que todos quando tiverem que ser chamados para escolher os dirigentes o possam fazer tranquilamente, sem perseguição, sem coacção e se calhar sem fome, porque quem tem fome não pensa bem.
Portanto, fala-se muito em eleições no nosso país. Nós temos dito se essas condições estiverem reunidas em 2004, então decidiremos em consenso realizar as eleições em 2004, mas é uma decisão que não deve ser tomada precipitadamente. Em primeiro lugar está o interesse nacional, pacificar, estabilizar, normalizar a vida dos cidadãos e depois tranquilamente estes saberão escolher os seus dirigentes.
Por outro lado, temos vários partidos políticos no nosso país. Os partidos políticos devem trabalhar no sentido de apoiar esse esforço de pacificação e estabilização nacional.
Claro cada um será livre de escolher o seu partido, mas é necessário que cada um possa escolher o seu partido e possa desenvolver a sua actividade partidária em qualquer parte do território nacional. Ninguém deve ter receio da competição e da disputa política partidária. O nosso grande mestre será sempre o povo. Serão vocês, são vocês, que no futuro terão de escolher dirigentes.
Se até aqui sempre escolheram bem não sei porque é que no futuro
hão de escolher mal.
Portanto meus amigos e compatriotas
Está muito sol. Eu agradeço estarem aqui com muita paciência para ouvir as minhas palavras, eu também escutei muito bem as vossas mensagens, estão registadas, desejo a todos boa saúde, felicidades, estamos juntos.
Viva a população de Capelongo
Viva a população de Capelongo
De Cabinda ao Cunene
Um só povo, uma só nação
A luta continua
A luta continua não significa guerra, a luta continua para melhorar as condições de vida do nosso povo.
A vitória é certa.
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