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Presidente
da República endereça mensagem de fim de Ano
à Nação |
Fim
de Ano de 2004 - Mensagem
POVO ANGOLANO,
CAROS COMPATRIOTAS,
Em 4 de Abril de 2002 aconteceu
o abraço entre irmãos, que selou o Acordo de Paz e lançou as bases
da reconciliação nacional. À medida que nos afastamos daquela
data, os angolanos estão a superar os traumas, a desconfiança
recíproca e outros males causados por muitos anos de conflito
armado.
Os membros das famílias
que estavam dispersas juntam-se agora outra vez. Nos quimbos,
nas aldeias, vilas e cidades, as pessoas e as comunidades reorganizam-se
no espírito de tolerância e perdão, com os olhos postos no futuro.
Ninguém quer voltar ao
passado, que está carregado de sofrimento, luto e dor. Com o espírito
de paz, concórdia e harmonia social, os angolanos querem transformar
o presente, formar os homens de que o país necessita e alterar
o meio que os rodeia para que cada um possa viver melhor. Este
desejo legítimo implica uma atitude responsável perante o próximo,
a vida e a sociedade, requer também que nos saibamos situar no
espaço e no tempo em que agimos, para escolhermos bem os caminhos
que vamos trilhar.
Pertencemos a uma Nação
e a um Estado em fase de consolidação. Cada um de nós é a emanação
de uma comunidade com hábitos, usos e costumes, princípios morais
e valores culturais, que se entrelaçam com os de outras comunidades
através de elementos comuns ou de princípios e valores assimilados,
que formam o nosso espaço cultural e a nossa identidade.
Não vivemos isolados.
Estamos em contacto com culturas de outros povos e, portanto,
estamos todos sujeitos a influências recíprocas. No nosso tempo
está consagrado o triunfo da economia de mercado. O modo de produção
capitalista implantou-se em quase todos os países do mundo. No
sistema de distribuição e redistribuição estabeleceu-se o palco
das divergências e disputas políticas e partidárias entre a direita
e a esquerda.
O traço característico
do processo é a concentração da riqueza e do poder económico num
pequeno número de famílias e empresas. O seu reflexo, em países
atrasados como o nosso, são as relações económicas, comerciais
e contratuais feitas na base da desigualdade, da injustiça e das
perdas sucessivas dos mais fracos.
A estabilidade política
e social passou, assim, a depender da sabedoria e da habilidade
como é feita a gestão da contradição entre o capital e o trabalho.
Há também o terrorismo
e o aproveitamento de certas religiões, que são tidos como meios
para criar instabilidade, impor normas de civilização e a supremacia
de poderosos grupos económicos radicais. É neste contexto adverso
que teremos de saber construir o presente e o futuro, defender
os interesses políticos, económicos, sociais e culturais de Angola.
Os angolanos querem ter,
naturalmente, uma vida digna com um salário que lhe permita o
acesso à alimentação, casa, água potável, energia, educação, cultura
e lazer.
Esse sonho de bem-estar
e progresso constante, para ser realizado, exige de todos nós
um trabalho árduo e longo. Esse trabalho poderá durar décadas,
mas o importante é começar, persistir e definir correctamente
o rumo e os meios para lá chegarmos.
Deposito a minha confiança
nos nossos quadros. Acredito que as elites que se vão afirmar
nos diversos domínios da ciência, da técnica e da cultura serão
capazes de orientar e enquadrar o esforço de todos na construção
material e espiritual do nosso futuro.
No dia 11 de Novembro último,
na cidade do Namibe, foram apontados os objectivos que vamos perseguir
nos próximos dois anos e os programas concebidos para os concretizar.
Apostamos no desenvolvimento
e na boa gestão dos recursos humanos; no crescimento acentuado
da produção de bens e serviços e, consequentemente, no aumento
da riqueza; numa política fiscal mais justa e numa política remuneratória
e de protecção social que garanta a resdistribuição equilibrada
do rendimento nacional.
Na agenda social, realçámos
o esforço para melhorar os nossos índices de saúde e conduzir
um combate mais vigoroso contra as grandes endemias, designadamente
a malária, a tuberculose, o HIV/SIDA e a doença do sono.
As capacidades e os recursos
nacionais disponíveis não são suficientes para garantir a realização
com sucesso de todas as nossas intenções.
Ao princípio da boa governação,
que assumimos para o efeito, deveremos acrescentar o da diversificação
da nossa cooperação internacional. Temos de procurar parceiros
internacionais que cooperem connosco no plano institucional e
empresarial, numa base mais equilibrada, justa e inovadora, com
vantagens mútuas, e que nos permita dar um impulso espectacular
à reconstrução do país e ao desenvolvimento nacional multifacetado.
Caros Compatriotas,
Em 2006 os angolanos serão
chamados às urnas, a fim de exercerem o seu direito de voto e
escolherem livremente, num processo eleitoral competitivo, os
seus legítimos representantes.
Será um momento histórico
de grande responsabilidade, em que serão igualmente feitas opções
fundamentais em relação ao nosso futuro.É
salutar que ainda em 2005 se dê espaço ao diálogo e ao debate,
que ajude a definir alguns parâmetros para balizar em termos gerais
esse futuro.
Refiro-me a um conjunto
de princípios, de ideias, de valores e de objectivos de longo
prazo em que todos os angolanos se revejam e que poderiam constituir
um compromisso da classe política quanto ao futuro de Angola.
Esse instrumento seria
sem dúvida uma boa fonte de inspiração para programas eleitorais
partidários e uma garantia de termos metas bem definidas, para
que o país tenha um rumo certo.
Ao terminar, exprimo os
meus agradecimentos a todos os que não cessam de contribuir com
o seu esforço para manter acesa a chama da paz e para elevar cada
vez mais alto o espírito da reconciliação nacional.
Os meus agradecimentos
são dirigidos igualmente a todos os que permanecem nos seus postos
de trabalho, cumprindo com zelo e dedicação os seus deveres nesta
quadra festiva.
Desejo que entremos com
entusiasmo no ano 2005, ano do trigésimo aniversário da fundação
da República de Angola. Que transformemos o país num imenso canteiro
de obras de que nos possamos orgulhar, festejando o próximo 11
de Novembro com alegria.
Festas felizes e próspero
Ano Novo!
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